Ontem, quinta-feira (14), tive uma das piores noites antes de dormir. A cobertura no fim da tarde sobre o caos em Manaus já me mostrava o que estaria por vir.
Seria mais viável e aconselhado me desligar, não assistir mais nada na TV, nem olhar as redes sociais. Mas não podemos fechar os olhos quando vemos um pulmão agonizando pela irresponsabilidade de outros.
Dói você se deparar com comentários na internet de quem ignora ou menospreza o desespero do outro que está em busca de respirar.
É agonizante um profissional de saúde não ter o que fazer com um paciente que morre asfixiado.
Dói olhar para quem deveria fazer o possível e impossível, e falo diretamente do presidente Jair Bolsonaro, e ver transparecer que ele não tomará nenhuma atitude que ao menos minimize o caos. Mas, também, o que esperar de quem minimiza uma tragédia.
Um culpa o outro e ninguém faz nada. Do vereador ao presidente. Só briga e conflito. Isso sem contar com os alucinados.
Bolsonaro abre a boca e diz: “Terrível o problema de Manaus. Agora, nós fizemos nossa parte”.
Não fez. Quer dizer, não fizeram. Faltou ação do governo do Amazonas, da Prefeitura Municipal.
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado”. É o que diz a nossa Constituição.
Enquanto uma pessoa tiver que ser enterrada por falta de estrutura do estado, ainda há muito o que fazer.
Nas últimas horas, 235 pacientes começaram a ser transferidos para hospitais de Goiás, Piauí, Maranhão, Brasília, Rio Grande do Norte e Paraíba em busca de condições mínimas para respirar.
Dói a falta de humanidade, de amor pelo próximo. É um atrito de A com B quando C está morrendo.
E não é de hoje. Há muitos anos que o Brasil sofre com isso e parece estar longe de acabar, e se acabar.
Estamos discutindo o óbvio. É como se tivesse um precipício onde se tomando um remédio você pula e não acontecerá nada. Mas se deixar de tomar pode morrer.
Chega. Não dá mais.
O Brasil precisa e pede socorro. Quem sabe um dia voltaremos ver e ter orgulho das estrelas brilhando com Ordem e Progresso.