OPINIÃO

12 de Setembro: significado, expectativa e conclusões

12 de setembro de 2021 às 12h09 Por Wallison Bezerra
Partidos e entidades planejam ir às ruas para pedir o Fora Bolsonaro (Foto: Oliven Rai / Mídia Ninja)

Partidos, movimentos e entidades convocaram manifestações para este domingo (12) em diversas regiões do país. A principal bandeira defendida é o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O brasileiro que acompanhou um pouco dos últimos fatos da política nacional, vai lembrar que a cassação de Dilma Rousseff (PT) se deu após grandes movimentos das ruas, somados aos escândalos envolvendo governos petistas.

Os primeiros atos não tiveram grande força. Aos poucos, ganharam adesão e foram responsáveis por forçar o impeachment de uma presidente democraticamente eleita.

Cinco anos depois, a cena começa a se repetir. Ainda tímidos, os protestos tendem a ganhar popularidade.

No caso de Dilma, apesar das manifestações serem convocadas pelo MBL, partidos como Democratas de PSDB, legendas que possuíam um considerável apelo popular à época, tinham total interesse na consolidação do processo que expulsaria a primeira mulher eleita para o Palácio do Planalto do Poder.

A adesão, mesmo que velada dessas siglas, contribuiu para o desfecho que todos conhecem.

Lideranças como Ciro Gomes (PDT), João Amoedo (Novo), Henrique Mandetta (DEM), Alessandro Vieira (Cidadania), Simone Tebet (MDB), Isa Pena (PSOL) e Orlando Silva (PCdoB) prometem ir hoje à Avenida Paulista, em São Paulo. Foi de lá o maior coro que o Brasil ouviu em 2016.

Todos defendem de forma acalorada o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Nas redes sociais, porém, um fator acabou chamando atenção: a ausência do PT, principal partido de oposição.

Por qual motivo o partido presidido por Gleisi Hoffmann não vai a um ato que pede a saída imediata do principal adversário do cargo? São vários.

O MBL errou ao querer emplacar a bandeira Nem Lula, Nem Bolsonaro. Lula ainda não é candidato. O foco então precisaria ser exclusivamente no atual chefe da nação. Mas isso já é fato superado.

O principal motivo que leva o Partido dos Trabalhadores a não ter o menor interesse na saída de Jair do comando do país é ter que lidar com uma nova campanha, um novo concorrente com a caneta na mão. A polarização entre duas forças é a conjuntura perfeita para que petistas possam voltar ao Poder. Quanto mais Bolsonaro se afunda, Lula tende a crescer.

Tirar Bolsonaro agora e colocar Mourão no lugar não é uma situação confortável para os petistas. Isso levaria o pleito seguinte a um contexto totalmente diferente.

Então, o que significa o 12 de Setembro? 

A resposta é clara e objetiva. Não dá para conviver e ser comandado por um presidente que há dois anos e meio não faz a sua única e principal obrigação: governar.

O que esperar? 

A expectativa é que saia ao menos uma mensagem, mesmo que nesse primeiro momento seja tímida. Os maiores gritos começam com um tom ameno. Não esperem imagens com multidões. Dificilmente isso vai acontecer.

E o que já se pode concluir? 

Que os que vão às ruas hoje são aqueles que parecem realmente pensar no país. São as vozes do coletivo, não do eu.

Em 2016, o MBL e tantos outros movimentos só chegaram ao ápice com apoio do PSDB, então maior líder da oposição. Se hoje o PT realmente quisesse defender o impeachment, abandonaria qualquer divergência e abraçaria de verdade, ao invés de insistir em uma encenação inútil.

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