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Ligações e e-mails mostram participação de servidor do MDR no desvio de recursos de combate à seca; veja

18 de novembro de 2021 às 14h46 Por Wallison Bezerra
Sede do Ministério do Desenvolvimento Regional

Celso Mamede de Lima é o servidor do Ministério do Desenvolvimento Regional alvo da Operação Bleeder, deflagrada nesta quinta-feira (18) pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal.

Mamede ocupa a função de Assessor Técnico da Coordenação-Geral de Obras e Aquisições do Departamento de Estruturação Regional e Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano no Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele foi afastado do cargo por determinação do juiz federal Thiago Batista Ataíde.

O Blog teve acesso à investigação e detalha o papel de Celso no esquema

Os investigadores apontam Celso Mamede de Lima como braço burocrático da organização criminosa em Brasília. Os indícios mostram que o servidor auxiliou o grupo através de obras e aprovação de projetos.

Celso tem como função no Ministério do Desenvolvimento Regional vistoriar, fiscalizar e aprovar os projetos elaborados no âmbito dos convênios realizados entre Governo Federal e os municípios paraibanos.

O servidor realizou cinco viagens a serviço para a Paraíba, sendo a última entre 06/12/2020 e 17/12/2020. Na ocasião, o técnico visitou Parari, São José dos Cordeiros, São Bento, Brejo do Cruz e São José de Caiana, cidades onde eram executadas obras autorizadas pelos investigados.

Ele também fez viagem ao estado entre 08/03/2020 a 14/03/2020, quando esteve em Riachão do Bacamarte, Gado Bravo, Brejo do Cruz, São Bento e São José de Caiana. Nessa viagem, Mamede foi acompanhada pela Polícia Federal. À época, houve uma vistoria no açude de Gado Bravo, por 20 minutos.

“Um fato que nos chamou a atenção, foi que Celso tinha um veículo a sua disposição, com motorista, mas na saída do aeroporto embarcou no veículo de João Feitosa, como mostra as imagens, e, tudo indica, que do dia 12/03/2020 para 13/03/2020, esteve hospedado na Fazenda de João Feitosa, localizada na zona rural da cidade de Ibiara-PB”, destaca o MPF.

Uma interceptação telefônica mostra o diálogo entre Celso Mamede e uma pessoa identificada como Endrigo. Segundo as autoridades policiais, eles estavam confirmando certos previamente realizados entre outros investigados.

Celso: E aí engomadinho, deu certo aí?

Endrigo: Deu certo.

Celso: Deu?

Endrigo: Deu certo.

Celso: Então tá bom.

Endrigo: Tá bom?

Celso: E aí, como é que estão as coisas?

E-mails, obtidos com autorização judicial, demonstram a autoridade de João Feitosa sobre Celso, orientando como ele deveria fazer o trabalho de fiscalização, tratando-o
como se fosse funcionário seu.

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Apesar da atuação no esquema, o Ministério Público Federal não viu necessidade de prisão preventiva, já que, segundo o órgão, “não há provas de que esteja concorrendo em práticas ilícitas na atualidade”.

As medidas impostas a Celso Mamede 

  • afastamento do o cargo de Assessor Técnico da Coordenação-Geral de Obras e Aquisições do Departamento de Estruturação Regional e Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano no Ministério do Desenvolvimento Regional, ou outro cargo que ocupe no referido ministério;
  • proibição de acesso ao Ministério do Desenvolvimento Regional;
  • proibição ter contato, direto ou por intermédio de interposta pessoa, presencial ou virtualmente, com qualquer servidor
    lotado no Ministério do Desenvolvimento Regional;
  • a proibição de se ausentar da comarca em que reside, sem autorização Judicial, sob pena de decretação de sua prisão preventiva.
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