Tem sido grande a movimentação na crônica política da Paraíba após a aproximação de parlamentares até pouco tempo adversários. Na busca de fortalecer a oposição na Assembleia Legislativa, opositores a João Azevêdo (PSB) escancararam a possibilidade de trazer para o bloco as deputadas Cida Ramos (PT) e Estela Bezerra (PT).
Os afagos são públicos. O líder Cabo Gilberto (PSL) fala em “gratidão” por ter a oportunidade de ampliar a bancada. Cida diz estar aberta a ouvir os argumentos dos que são contra a quem ela chama de “traidor”, numa referência ao atual governador.
As falas vão além. Ricardo Coutinho (PT) dá o sinal. “O adversário do meu inimigo pode ser meu aliado”, sentenciou o petista em entrevista ao Conectados Podcast, em Campina Grande.
A posição de Coutinho não surpreende, a história recente é prova disso. Para vencer José Maranhão em 2010, se aliou a Cássio Cunha Lima. Cássio, que era aliado, logo virou adversário.
Em 2014, foi a vez da aliança de Ricardo com Luciano Cartaxo. Não durou muito tempo para os dois romperem. Estiveram em campos opostos em 2016, 2018 e 2020.
Em Campina Grande, a disputa deste ano promete unir rivais. As famílias Cunha Lima e Vital do Rêgo dão demonstrações de que estão aptas a estarem juntas por um objetivo em comum, derrotar João. Mesmo que para isto seja necessário passar uma borracha nas brigas e divergências.
Esses exemplos mostram que o eleitor pode esperar de tudo de um político, menos coerência total. Quando um candidato ou mandatário se apresentar como pessoa coerente, duvide. A exceção é quando isso for dito por Lourdes Sarmento (PCO), Tárcio Teixeira (PSOL), Antônio Radical (PSTU) e alguns poucos que podemos contar na mão direita.
Em busca pelo poder, a maioria está disposta a tudo por sobrevivência. O que vale é conveniência, mesmo que para isso seja necessário para o bolsonarista e antiricadista Cabo Gilberto sentar ao lado das lulistas e ricardistas Cida Ramos e Estela Bezerra, ou vice e versa.