Tem razão boa parte da classe política, leia-se maioria, quando diz que João Azevêdo tem um grande defeito. Há 42 meses à frente do Palácio da Redenção, o governador, diferente dos demais que já passaram pelo cargo, não tem o estilo de adotar atitudes intempestivas na relação com aliados. É verdade.
João por vezes releva deslealdades e até atitudes grosseiras. Isso também é verdade. Para quem assiste de longe, enxerga um gestor levado por uma imagem de passividade ao escolher não agir com truculência ou quando não usa, como é comum na política, a famosa caneta.
Sim, a caneta! Sempre tão bem usada para resolver problemas políticos na Paraíba. Não precisamos de maiores apresentações, um passado bem recente é a prova. Onde na teoria tinha gente que se dizia ser republicano, a prática era contrária.
De fato, muitos dos antecessores de João foram mais hábeis na solução de problemas políticos, mesmo que esses não tivessem nada a ver com o cidadão, o pagador de impostos.
Sim, João é hesitante. Na atual crise da base política, ele poderia muito bem já ter imposto condições, expulsado aliados que criam mais problemas do que soluções, ou dado as regras e delimitado o jogo.
Mas não, João tem esse defeito. Ele prefere conciliar, por muitas vezes adota o verbo ceder. Isso, numa Paraíba acostumada com a política autoritária e absolutista, termina sendo para muitos um grande defeito.
Sim, esse é o defeito de João. O defeito de não ser um político como manda o velho figurino tradicional.
De profissão definida, engenheiro por formação e funcionário aposentado, esposo, pai e avô, a política para João Azevêdo não é a vida inteira dele, é parte dela. É o que talvez faz a diferença na prática de gestor e líder.
Nem todos que estão nesta selva política paraibana – por negócio ou vaidade – conseguem reconhecer ou lidar com esse tipo de espécie numa fauna onde que vale tudo pelo poder e controle da floresta. No meio de feras, João age como passarinho. Enquanto uns rugem, ele assobia.