Assim como está marcado no calendário anual o dia 23 de junho como a data mais festiva para a cultura nordestina, os episódios de superlotação no Parque do Povo, em Campina Grande, se tornaram rotina em todas edições do Maior São João do Mundo, principalmente em datas com artistas que levam multidões para as apresentações.
Foi assim com Marília Mendonça em 2019, Gustavo Lima em 2022 e no último sábado (10) com Simone Mendes e Felipe Amorim.
Segundo cálculos do Corpo de Bombeiros, o público máximo permitido para esta edição no Quartel General do Forró é de 57.278 pessoas, sendo 1,2 mil para camarotes privados e 6.793 no front stage.
Talvez essa não seja a primeira vez que o tema é colocado em discussão e também pode não ser a última. Mas, se faz necessária quando se olham imagens de pessoas amontoadas, incluindo crianças, idosos e pessoas com deficiência, para acompanhar a festa mais popular da região.
O prefeito Bruno Cunha Lima pode, deve e tem a oportunidade de virar a página desse cenário. Por maior que seja a tradição do Parque do Povo, é preciso ousar e discutir a implantação de uma área do tamanho do São João de Campina. Um debate, inclusive, que deve ser expandido a outros setores do Poder Público, a exemplo do Governo do Estado, Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.
Há duas opções dada pelo próprio Bruno em julho do ano passado: transferi-lo de local ou ampliar o espaço hoje destinado para os shows. Como mostrou uma reportagem do Portal MaisPB.
Do contrário, as imagens lamentáveis de sábado vão se repetir. No lugar de atrair o turista, o resultado será o afastamento de quem busca pelo São João que carrega o título de ser o Maior do Mundo. É o caso do Kaio Vinícius, que viajou do Acre, na Região Norte do Brasil.
“A cantora [Simone] realmente maravilhosa. Mas o evento com maior falta de organização e respeito com os turistas. Eu vim de outro estado, do Acre, conhecer e não pude entrar simplesmente por ter portões fechados e spray de pimenta na cara de muitas pessoas. Uma vergonha. Falta organização. Se sabem que o espaço não é suficiente, porque não fazem num lugar maior?”
O questionamento do acreano é correto e prudente. Não basta parecer ser o Maior, é presido ser na prática. O que não dá é para continuar a assistir de camarote um evento no Parque do Povo com limitações ao povo.