opinião

A filosofia de Flávio José: em tempo de galope, um acorde perfeito pelo nosso São João

17 de junho de 2024 às 13h30 Por Wallison Bezerra
Flávio José dá uma acorde para que nosso maior patrimônio não durma

A riqueza da cultura do Nordeste é incalculável e única. Nos nove estados, raízes que aquecem e orgulham o coração do nordestino. No mês de junho, uma chama que ascende ainda mais.

Em meio a tantas festas, públicas e privadas, não há como negar. É a sanfona quem reina e deve reinar.

O avanço de outros ritmos nas festas juninas é algo que preocupa e não pode ser ignorado, e não estou falando sobre o sertanejo, que apesar da distância até se aproxima com nosso arrasta-pé.

Quem esteve na Vila Sítio São João, em Campina Grande, nesse domingo (16), pode perceber isso. Ao subir no palco, Flávio José, uma joia paraibana, mostrou porque se faz precisa e necessária a luta pela vivência da nossa identidade.

Das mais diversas faixas etárias, crianças, jovens, adultos e idosos, o caririzeiro marcou. Do xote agarrado no pé do ouvido à tradicional quadrilha, ninguém queria se despedir do fole da sanfona.

Simultaneamente, viralizava um comentário feito pelo cantor em uma postagem sobre a apresentação de Pedro Sampaio. Com segurança e lugar de fala, o paraibano questionou.

“Misericórdia! A que ponto chegou a maior festa da cultura nordestina?”

Flávio José está certo. Não se pode admitir que um galope eletrônico converta o que é raiz em algo saltitante e momentâneo.

Flávio José tem tanta razão que até os grandes nomes do forró mais estilizado, a exemplo de Xand Avião, Solange Almeida, Márcia Felipe, Nattan, Wesley Safadão, Henry Freitas e outros, entenderam.

Responsáveis por arrastar multidões, os músicos não podem deixar a história do forró em segundo plano.

Quem viu Xand Avião sacudir o Parque do Povo com sucessos de Luiz Gonzaga, Dorgival Dantas e Matruz com Leite, percebeu o quão se faz fundamental vangloriar a nossa maior identidade. Bem diferente de outras apresentações.

À Vila Sítio São João, um reconhecimento. Vocês talvez nem imaginam a responsabilidade em manter viva a nossa festa, que está longe da proposta de alguns poucos em lhe tornarem festival comercial. Idealizado por João Dantas, o projeto se consolida e tem se tornado diferencial. A junção de Flávio José e Cavalo de Pau resultou numa soma inquestionável.

Que sigamos Flávio. Que em junho reine a música de Santanna, Alcymar Monteiro, Dorgival Dantas. Que Xand, Wesley, Solange, Henry e Márcia entendam a responsabilidade que carregam.

Precisamos que nosso forró seja vivo. Caso contrário, em poucos anos ele ficará apenas nos livros de história e como convidado, não protagonista.

Que a nossa filosofia seja cantar a mais linda canção e cultura do mundo.