A riqueza da cultura do Nordeste é incalculável e única. Nos nove estados, raízes que aquecem e orgulham o coração do nordestino. No mês de junho, uma chama que ascende ainda mais.
Em meio a tantas festas, públicas e privadas, não há como negar. É a sanfona quem reina e deve reinar.
O avanço de outros ritmos nas festas juninas é algo que preocupa e não pode ser ignorado, e não estou falando sobre o sertanejo, que apesar da distância até se aproxima com nosso arrasta-pé.
Quem esteve na Vila Sítio São João, em Campina Grande, nesse domingo (16), pode perceber isso. Ao subir no palco, Flávio José, uma joia paraibana, mostrou porque se faz precisa e necessária a luta pela vivência da nossa identidade.
Das mais diversas faixas etárias, crianças, jovens, adultos e idosos, o caririzeiro marcou. Do xote agarrado no pé do ouvido à tradicional quadrilha, ninguém queria se despedir do fole da sanfona.
Simultaneamente, viralizava um comentário feito pelo cantor em uma postagem sobre a apresentação de Pedro Sampaio. Com segurança e lugar de fala, o paraibano questionou.
“Misericórdia! A que ponto chegou a maior festa da cultura nordestina?”
Flávio José está certo. Não se pode admitir que um galope eletrônico converta o que é raiz em algo saltitante e momentâneo.
Flávio José tem tanta razão que até os grandes nomes do forró mais estilizado, a exemplo de Xand Avião, Solange Almeida, Márcia Felipe, Nattan, Wesley Safadão, Henry Freitas e outros, entenderam.
Responsáveis por arrastar multidões, os músicos não podem deixar a história do forró em segundo plano.
Quem viu Xand Avião sacudir o Parque do Povo com sucessos de Luiz Gonzaga, Dorgival Dantas e Matruz com Leite, percebeu o quão se faz fundamental vangloriar a nossa maior identidade. Bem diferente de outras apresentações.
À Vila Sítio São João, um reconhecimento. Vocês talvez nem imaginam a responsabilidade em manter viva a nossa festa, que está longe da proposta de alguns poucos em lhe tornarem festival comercial. Idealizado por João Dantas, o projeto se consolida e tem se tornado diferencial. A junção de Flávio José e Cavalo de Pau resultou numa soma inquestionável.
Que sigamos Flávio. Que em junho reine a música de Santanna, Alcymar Monteiro, Dorgival Dantas. Que Xand, Wesley, Solange, Henry e Márcia entendam a responsabilidade que carregam.
Precisamos que nosso forró seja vivo. Caso contrário, em poucos anos ele ficará apenas nos livros de história e como convidado, não protagonista.
Que a nossa filosofia seja cantar a mais linda canção e cultura do mundo.