A relação amistosa entre as bases do governador João Azevêdo (PSB) e do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (sem partido), já é coisa do passado. Com a decisão de Lucena de deixar o PP e avançar diálogo com o bloco oposicionista de Veneziano Vital do Rêgo (MDB), rival de Azevêdo na disputa pelo Senado Federal em 2026, interlocutores dos grupos iniciaram o bate-rebate.
Do lado de João, o secretário Tibério Limeira provocou o governo Cícero. Nos microfones da Rádio Correio FM, cutucou o agora ex-aliado, lembrando que as obras mobilidade na Capital saíram do papel pode decisão e sob a responsabilidade do Poder Executivo Estadual na Capital.
“Tire as obras do Governo da Paraíba em João Pessoa e veja o que sobra. Imagine a cidade sem o viaduto de Água Fria, sem o viaduto das Três Ruas, sem o acesso ao Altiplano, entre outras obras de mobilidade. Quem fez isso foi o governador, que é pessoense de Cruz das Armas, ama essa cidade e fala diretamente com o povo, sem precisar de intermediário”, disse. Limeira foi além.
“Cícero Lucena perdeu o maior cabo eleitoral da Paraíba, que é o governador João Azevêdo. O maior eleitor dessa eleição se chama João Azevêdo. E não estou subestimando a força do prefeito ou da estrutura da prefeitura, de forma alguma. Porém, a comunicação do governador em João Pessoa é direta com o povo”, avaliou.
Para responder, o staff de Cícero escalou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Farias. Na réplica, Farias citou que Tibério está com “ressentimento político” e o acusou de ser “ventrículo da família Ribeiro”.
“Tibério está com dor de cotovelo. Eu fiquei, realmente, assustado com a forma ranzinza, autoritária e soberba com a qual ele se manifestou. Esse manequim truculento não cabe em Tiberio. Para mim, isso já foge da nobreza da disputa política e descamba para a mesquinharia dos insultos gratuitos. Pelo tom raivoso de sua entrevista, a psicologia explica que Tibério está um poço de recalque, talvez incomodado com a iminente ascensão de Léo à titularidade da Prefeitura. Ele nunca engoliu ter sido preterido: primeiro por João Azevêdo, depois pelo PSB, e por fim por Cícero, que não aceitou o seu nome como vice. Agora, ele já se articula com Lucas Ribeiro para 2028″, prossegue Bruno.
No fim, o auxiliar de Cícero Lucena faz um desafio a João. Ao lembrar da promessa de que o prefeito garante voto ao governador caso decida disputar o Senado, Farias manda um recado. “Se [João] não quiser [o voto de Cícero], não faltam forças políticas que queriam”.
A lembrar: questionado ontem pelo repórter Roberto Targino, do Portal MaisPB, de como seria a partir de agora a relação do Governo com a gestão da Capital, o governador João Azevêdo foi enfático ao dizer que haverá mudança após Cícero “escolher um projeto pessoal em detrimento do projeto coletivo”.
Realmente mudou. A batalha chamada 2026 saiu do aquecimento.