judiciário

Polícia Federal deflagra operação contra desvio de recursos

15 de dezembro de 2020 às 06h24 Por Wallison Bezerra

A quinta fase da Operação RECIDIVA cumpre sete mandados de busca e apreensão na Paraíba, na manhã desta terça-feira (15), através de trinta policiais federais e servidores da CGU. Os alvos são duas sedes de escritório de contabilidade, assessoria e projetos e duas residências de seu proprietário, em João Pessoa e Patos (PB), além da sede de uma empresa de desenvolvimento de sistemas e a residência de seu dono, ambas em Patos.

O principal alvo da operação é Iramilton Sátiro da Nóbrega. Os mandados foram cumpridos na Residência de Iramilton Sátiro e Claudinéia Leitão em Patos e João Pessoa, sede da empresa Iramilton Sátiro em Patos e João Pessoa, sede da empresa EasyWeb em Patos e residência de Roberto Clébio.

Segundo o despacho que o Blog teve acesso, há fortes indícios de participação da empresa Iramilton Sátiro da Nóbrega EPP (e suas filiais), alvo da investigação ministerial, no esquema criminoso de fraudes a procedimentos licitatórios e desvio de recursos públicos já investigados no âmbito da Operação Recidiva. 

Os elementos obtidos por meio de interceptação telefônica, busca e apreensão e quebra de sigilos (todas autorizadas judicialmente) apontam que a empresa administrada por IRAMILTON SÁTIRO, com apoio de sua esposa, CLAUDINÉIA LEITÃO, presta-se, na realidade, a viabilizar possíveis fraudes processuais e desvios de recursos públicos.

Para tanto, IRAMILTON SÁTIRO utilizaria o SAGP (Sistema de Gerenciamento de Projetos e Clientes), desenvolvido pela empresa EASYWEB SOLUÇÕES DE INTERNET, administrada por ROBERTO CLÉBIO MESSIAS LEITÃO, primo de CLAUDINÉIA LEITÃO.

Em entrevista à TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo na Paraíba, Iramilton Sátiro informou que acompanhou a operação em seu escritório, mas negou qualquer tipo de irregularidades.

Operação RECIDIVA

Em diversos momentos da investigação que originou a Operação RECIDIVA, os réus, investigados, políticos, engenheiros, servidores das prefeituras e empresários fizeram alusão a reuniões e orientações prestadas pelo escritório de contabilidade, que já foi alvo de duas buscas judiciais: a primeira no âmbito da Operação Dublê, em 5 de maio de 2012, e a segunda no mês seguinte, quando da deflagração da Operação Pão e Circo.

Segundo o MPF, verdadeiro ponto de encontro dos investigados de toda sorte, o escritório aparentemente prestava serviço contratado pelas prefeituras para ‘consultoria’ e prestava ‘orientações’ aos investigados, muitas das quais possivelmente ilícitas.

Apenas em um CNPJ, o escritório recebeu, entre 2009 e 2018, de dezenas de prefeituras paraibanas, R$ 12.190.745,41, conforme informações do Tribunal de Contas do Estado (TCE/PB). São exemplos de municípios que contrataram o escritório: Patos, Sousa, Cajazeiras, Sapé, Bayeux, Catolé do Rocha, Solânea, Condado, Emas, Imaculada, Junco do Seridó, Malta, Quixaba, São José de Espinharas, Teixeira, Conceição, Cacimbas, São José do Bonfim, São Mamede, Mãe D’água, Catingueira e Cacimba de Areia.

Segundo ressalta o membro do MPF no pedido feito à Justiça, para autorização do cumprimento dos mandados, além de prestar serviços a todos os municípios envolvidos na Operação RECIDIVA sob atribuição da 14ª Vara Federal de Patos, o escritório atende aos maiores municípios do interior da Paraíba, tais como Patos, Sousa e Cajazeiras. Em atualização desses dados, nos anos de 2019 e 2020, já foram pagos outros R$ 3.400.060,00 de R$ 3.683.100,00 empenhados. Ele acrescenta que, ao todo, em pouco mais de 10 anos, o escritório recebeu cerca de R$ 15.600.000,00.

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