operação calvário

Um ano do juízo que, ainda, está longe do final

17 de dezembro de 2020 às 08h33 Por Wallison Bezerra
Apontado como chefe da Organização Criminosa, ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) foi preso em dezembro de 2019

Há exatamente um ano a Paraíba era acordada com uma das maiores operações de combate à corrupção, me arrisco a dizer que foi a de maior impacto. A fatídica terça-feira, 17 de dezembro de 2019, ficou na história da política e justiça paraibana.

De uma só vez, o estado assistiu as prisões de homens e mulheres públicos. Para lembrar alguns, o ex-governador Ricardo Coutinho, a deputada Estela Bezerra, a prefeita Márcia Lucena, os ex-secretários Waldson de Souza e Gilberto Carneiro foram levados para presídios.

Afastamentos, que ainda perduram até hoje, dos conselheiros Arthur Cunha Lima e Nominando Diniz do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB). Buscas em prédios públicos.

À época, o desembargador Ricardo Vital de Almeida, relator do processo no Tribunal de Justiça da Paraíba, decretou a prisão preventiva de 17 investigados e determinou 28 buscas.

Os mandados foram cumpridos em João Pessoa/PB, Campina Grande/PB, Cabedelo/PB, Bananeiras/PB, Taperoá/PB, Goiânia/GO, Parnamirim/RN, Natal/RN, Curitiba/PR e Niterói/RJ.

A ação, denominada de Juízo Final, contou com a participação de 350 policiais federais, 30 servidores da Controladoria- Geral da União (CGU), seis promotores de Justiça e 34 servidores do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB).

O intuito era aprofundar as investigações de desvios de recursos públicos repassados às Organizações Sociais contratadas pelo Governo da Paraíba, na gestão de Ricardo, para gerir as unidades estaduais de saúde e de educação e o possível recebimento de propina.

O ex-governador Ricardo Coutinho, responsável por trazer as OS para a Paraíba, é apontado como o chefe da  Organização Criminosa.

Episódios recentes mostram que, um ano depois, há muita coisa para acontecer. Assistimos na semana passada a nova prisão de Coriolano Coutinho. Ele teria violado o uso da tornozeleira eletrônica. Ricardo Coutinho tentou anular as provas obtidas, mas não obteve êxito. O TJPB quer saber se Gilberto Carneiro também violou o monitoramento eletrônico. Márcia Lucena ainda busca se livrar de restrições. Estela Bezerra e Cláudia Veras do mesmo jeito. Tentativas sem sucesso.

No Superior Tribunal de Justiça (STJ) está em análise uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Ricardo, Arthur Cunha Lima e mais quatro por possíveis crimes praticados contra administração e corrupção passiva.

Na corte, o entendimento é que “as investigações prosseguirão, com relação a outros fatos”.

Quais serão os futuros desdobramentos? Só o tempo poderá dizer. Mas, é um claro sinal que o juízo ainda está longe do final no árduo calvário paraibano.

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